quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Escrever, ler...

Acabo de ler três livros! Vermelho amargo de Bartolomeu Campos de Queirós, O duplo de Dostoiévski e Ratos e homens de Steinbeck. As leituras sempre me apontam para a dificuldade que é o ato de escrever. Escrever é, imagino, algo difícil, sobretudo para o escritor. Parece até que deve ser algo difícil. Li três narrativas tão diferentes entre si como água, uísque doze anos e ácido.

Ratos e homens é água. Narrativa fluida que facilmente vai sendo sorvida, sem grandes pausas, sem impactos que exijam energia ou força de vontade extra para a continuação. Não retira o leitor de seu sono habitual, de sua zona de conforto e não pede que este respire além do próprio texto. Parece-me que é possível lê-lo num só fôlego, sem praticar o que Barthes chamava de o real momento de leitura: quando se levanta os olhos do livro para pensar sobre ele. Dito tudo isto, aponto-o como um livrinho (realmente pequeno, 150 páginas) muito agradável, com uma história bem amarrada e personagens bem construídos, embora pouco profundos.

O duplo é como um bom uísque doze anos. Desce queimando, mas ainda assim deliciosamente. A Rússia czarista e seus funcionários surge na palavra de Dostoiévski e se torna pano de fundo para esse conto que beira o fantástico, beira o romance psicológico, beira o nonsense e nos deixa com um sabor estranho, entre o prazer e a perplexidade.

Vermelho amargo é ácido. Prosa poética de doer o corpo inteiro a cada sentença. À parte todas as questões auto-biográficas ou ficcionais, (como preferir) lemos uma prosa repleta de imagens cotidianas transfiguradas em experiência poético-estéticas das quais é difícil sair ileso. Se a literatura tem algo a ensinar, que não pode ser apreendido através de nenhuma outra ciência (conforme defendem alguns teóricos, dentre eles, Ítalo Calvino) talvez possamos, através deste texto e da experiência estética suscitada por ele, nos emaranhar no labirinto da alma humana e da complexidade das relações entre elas.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Escrever...

Começa o ano de 2014 e, manter um blog em 2013 não funcionou. Mas, percebo agora, no meio de tudo o que venho passando e fazendo, que tenho me afastado da escrita, que é algo que sempre me moveu e é algo que acredito fazer bem. É preciso retomá-la... É preciso escrever em qualquer tempo, seja da forma que for, escrever é preciso. O blog volta a ser uma aventura, um lugar para se frequentar de quando em vez...