domingo, 7 de junho de 2015

Cena Cotidiana VIII

A nuvem de perfume - Não sei o que você vai pensar de mim...
A farda - Não tem o que pensar, basta olhar para saber que você é a mulher com quem sempre sonhei!
A nuvem de perfume - Ai, que sempre gostei de uniforme! Mamãe dizia que estava no meu destino encontrar um que me servisse!
A farda - Se a senhorita quisesse me dar o prazer da próxima dança, talvez pudéssemos nos falar um pouco mais em particular!
A nuvem de perfume - Vai ser um prazer, mas estamos no meio da rua, às dez da manhã, o que as pessoas vão achar?
A farda - Que estamos ficando loucos talvez ! Ou que ser normal, num mundo onde tudo parece estar do avesso talvez seja apenas uma forma de se mostrar tão avesso quanto ele...
A nuvem de perfume - Então, tudo bem! Vem e envolve-me com seus braços fortes e guia meus passos nessa valsa!
A farda - Então é isso, vamos!

Narrador -  E o trânsito permaneceu parado durante os sete minutos e quinze segundos da valsa, enquanto um poeta desenhava o casal, sentado num banquinho no qual os velhos se juntavam para jogar dominó e a cidade parecia, enfim, compreender o amor!