sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

VII (Eu me lembro)

Me lembro da morte de Diadorim,
Da coragem de Diadorim,
Da travessia de barco,
Do asseio de Diadorim,
Da ira de Diadorim
De algumas falas de Diadorim!!!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Cena Cotidiana V

Ana - Por isso é que não dá pra conversar com você, Isac.
Isac (Se fazendo de desentendido) - Por isso o quê?
Ana - Por que você é irônico o tempo todo!
Isac - Mas agora eu não fui!
Ana (Alterando levemente a voz) - Agora quando? Quando disse que eu tenho um ar de Gisele Bündchen ou quando riu cinicamente da minha reclamação de você ou quando perguntou por isso o quê, com essa voz?
Isac (Calmo) - Em todas!? E eu não ri cinicamente. Ri sinceramente.
Ana - Claaaaaro que foi! Aham!
Isac - Ok! Então eu sou irônico!
Ana (Alterando um pouco mais a voz) - Aí, 'tá sendo de novo! Eu desisto!
Isac - E vai pra casa da sua mãe?
Ana (Alterando a voz em um tom e levemente no volume) - Eu não vou a lugar nenhum que essa casa é minha!
Isac (Ironicamente) - Então, tem uma pia cheia de vasilha pra você lavar na sua casa!
Ana (Furiosa) - Porra Isac! Pra mim chega dessa merda de o amor ser paciente e benigno! Eu odeio-te com ódio completo!
Isac - De que livro cê tirou isso?
Ana (Com um leve sorriso de escárnio nos lábios, olhos encolerizados, e uma voz fria) - Ok. Boa noite, Isac. Vou dormir!
Isac - Espera aí ...
Narrador - O fato é que isso poderia continuar eternamente, como a cena tem que acabar, fica a cargo de que cada pessoa de nossa bondosa plateia imagine um final e se ponha a pensar sobre ele

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Pessoa IV

A memória reconstrói
com quase nada,
com entulhos,
uma ruína narrativa,
uma imagem,
uma última miragem 
colada à retina...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Impressão V

O tempo,
essa hidra de cem cabeças
que insistimos em matar,
por vezes, lendo
essa mesma imagem
num conto de Machado!

domingo, 11 de janeiro de 2015

Cena Cotidiana IV

Ele (Sentado no balcão do bar, um espelho quebrado ao fundo, tudo à meia luz) - Tá sozinha moça?
Ela (Fazendo ar de desdém, jogando o cabelo de lado) - E assim pretendo continuar!
Ele (Alterando um pouco a voz e cambaleando de leve) - Pois desse jeito não vai ser difícil!
Ela (Impaciente) - Cê ainda tá aí? Que saco!
Ele (Vomitando no pé dela) - Bleeeeerg!
Ela (Fazendo cara de nojo, derrubando a própria bebida e virando a cabeça dele pro outro lado) - Credo! Cê tá bêbado! Vai embora!
Ele (Tossindo e engasgando) - Eu iria se tivesse pra onde! Vai você!
Ela (Corando) - Também não tenho pra onde ir!
Ele (Tomando coragem e outro gole de cachaça) - Quer me acompanhar então?
Ela (Com ar pensativo) - Mas pra onde?
Ele (Sonhador) - Temos o mundo todo pela frente, nada pra deixar pra trás.
Ela (Amedrontada) - Mas você conhece um caminho?
Ele (Com ar bastante seguro) - Podemos achar um, juntos!
Ela (Resoluta, após pensar por um minuto) - Eu preferiria ficar sozinha!
Ele (Sem palavras) - (...)
Ela - (...)
Narrador - E foram felizes para sempre!

sábado, 10 de janeiro de 2015

Impressão IV

Ar parado da tarde,
cachorro dorme na porta,
cachorro dorme na sala,
até o relógio resolveu parar,
e marca ainda treze horas.
Na rua sobe aquele vapor mirífico!
Um carro passaria devagar,
um homem passaria devagar,
um burro passaria devagar, 
e nuvens se evolariam ao longe,
também bastante devagar,
fosse esse um poema de Drummond!
Êta vida lenta, meu Deus!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

VI (Eu me lembro)

Me recordo como se fosse hoje a primeira vez em que vi uma montagem do Desvio Para o Vermelho de Cildo Meireles, obra que me tocou profundamente. Falo em ver, mas ver não é exatamente o verbo para quando você penetra um espaço transformado em obra de arte, dialoga com seu conhecimento sobre ela e o que ela realmente é, se impregna dessa cor, se perde no emaranhado de imagens e de palavras, e se posta diante do tempo, de todos os tempos oferecidos à sua fruição, ao seu olfato, ao seu paladar, à sua indefinição de sentidos!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

V (Eu me lembro)

Me lembro de uma grande amiga me comparando a uma ostra, de tão fechado e impenetrável, mesmo às pessoas próximas!