JOSUÉ (Deitado num degrau de uma escadaria, a cabeça apoiada no degrau debaixo, num ângulo estranho de corpo. Veste roupas sujas, a barba grande, um buraco na camiseta) - Bom dia, bela dama parada no ponto de ônibus! O que fazes aqui?
AMÉLIA (Num vestidinho florido, no meio das coxas) - Ora, espero ônibus! O quê que cê quer?
JOSUÉ (Na mesma posição) - Nada, apenas ser teu companheiro de todas as horas. Amar-te e doar-me totalmente a ti. Massagear teus pés e teus mamilos no fim de um dia difícil. Beijar-te no meio da madrugada chuvosa e levar-te para o terreiro, para te amar sob a tempestade. Acompanhar-te em tuas viagens e levar-te nas minhas. Pentear-te os cabelos, confortar-te com maçãs e sustentar-te com passas até que desfaleças de amor!
AMÉLIA (Virando o rosto em outra direção, estendendo o braço e saindo) - Detesto passa, fode o salpicão!
NARRADOR - E nunca mais se viram!
(Fecham-se as cortinas; ouve-se um barulho de ônibus, sons de buzina e passos apressados; ruídos extras como moedas caindo, zíper de bolsa se abrindo, motorista xingando um ciclista, buzinaço de motoqueiros, retrovisores se quebrando ou vidro se estilhaçando ficam a cargo da direção/montagem)
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