terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Cena Cotidiana II

HELENA (A cabeça enfiada numa janela de guilhotina, olhos esbugalhados, rosto tresloucado, cabelos bastante bagunçados, um dos seios de fora, com uma vassoura Princesinha em uma mão e um cutelo na outra, sendo brandidos descompassadamente)- Cortem as cabeças! CORTEM AS CABEÇAS!!!!!!

TRANSEUNTE QUALQUER (Correndo pronto a atendê-la e pegando uma foice que já estava encostada à parede) - Sim, Vossa Alteza! Será feita a sua vontade. Mas, lembre-se, eles pedem apenas por pão!

HELENA (Apontando a vassoura para o horizonte e parecendo ainda mais tresloucada) - De cada um deles! Tragam para mim! De cada um deles! Que comam bolo, broa, dónute! Tragam para mim! Todos! Feios, fedidos, monstruosos, irritantes, maltrapilhos, sujos, fracos, chorões, estúpidos! Cortem! COOOOOORTEM... (De repente cai a gelosia da janela sobre pescoço! Engasgo, tosse, e sua voz abafada grita) - Meu pescoço!

TRANSEUNTE QUALQUER (Faz um gesto largo com a foice, as cortinas se fecham no momento em que ela está a ponto de atingir o pescoço de Helena. Som de cabeça quicando no chão. Sangue molha e mancha a cortina, escorre por baixo dela e começa a escorrer do palco para a plateia. Todos correm.)

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